O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman
Um Apocalipse contemporâneo
Mots-clés :
Ingmar Bergman, Apocalipse de João, Salvação, Julgamento, Bomba atômicaRésumé
O filme O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, lançado em 1957, é uma releitura contemporânea do Apocalipse de João. O filme demonstra como, ao retornar de uma longa cruzada na Terra Santa, onde esperava descobrir o sentido de sua vida e a certeza da existência de Deus, o cavaleiro Antonius Block encontra sua pátria devastada pela peste e tomada por visões milenaristas difundidas por procissões dos flagelantes e monges mendigos. Dessa forma, ao retomar antigas recepções do Apocalipse, em especial as recepções medievais, com o objetivo de expressar o novo medo de um possível “apocalipse nuclear”, cheio de símbolos e referências culturais no plano da imagem e do texto, o filme permite a Ingmar Bergman estabelecer um paralelo entre a sensibilidade medieval, nascida da Peste Negra, e seus efeitos na mente das pessoas, e a sensibilidade moderna, marcada pelas consequências das atrocidades da Segunda Guerra Mundial e da descoberta das implicações que as bombas atômica e de hidrogênio poderiam ter para o futuro da humanidade. Entretanto, a sua releitura do Apocalipse não significa apenas a destruição total do mundo. Ela também indica que, em meio às peregrinações e tribulações experimentadas pela humanidade, a salvação se encontra no poder criativo da arte e na comunhão sincera com a família humana, que se expressa na decisão de Antonius Block, seu principal personagem, de salvar uma família de atores circenses, e na comunhão que estabelecem.