“SOLA FIDE”:
UM PRINCÍPIO ANTIJUDAICO?
Mots-clés :
Antijudaísmo, Justificação, Lei e Evangelho, Teologia do apóstolo Paulo, Diálogo judaico-cristãoRésumé
No entender de teólogos judaicos, a doutrina da justificação por graça e fé, particularmente em sua expressão luterana, estaria engessando o tradicional antijudaísmo cristão. A oposição entre a “justiça pela lei” e a “justiça pela fé” discriminaria o judaísmo como religião legalista, declarando-a superada pelo evangelho de Jesus Cristo. O presente artigo examina a procedência dessa acusação. O ser humano é salvo somente por fé ou também por obras da Torá? O diálogo com o judaísmo sobre esse assunto acontece numa situação de endividamento cristão com relação a seus irmãos e suas irmãs judaicas. Há culpa a confessar. A fim de refazer as relações e superar preconceitos, importa esclarecer questões fundamentais, entre elas o significado do termo antijudaísmo, a função da Torá na obra de Deus e a posição de Jesus entre judeus e cristãos. Sobretudo, porém, cabe examinar o propósito da doutrina da justificação por graça e fé. Porventura terá necessariamente natureza antijudaica? A discussão terá que recorrer, é claro, à teologia de Paulo, o primeiro grande teólogo da justificação. Como interpretá-lo corretamente? Enfim, a reflexão propõe-se a mostrar caminhos para afirmar a identidade cristã sem ferir a identidade judaica.