LUTERO E O MATRIMÔNIO:
ECONOMIA E JUSTIÇA DE DEUS
Palavras-chave:
Lutero, matrimônio, economia, justiçaResumo
O reformador Martim Lutero (1483-1546) impactou a Igreja com seu combate da ética monástica medieval. Influenciada pelo neoplatonismo, a ética monástica medieval concebia o pecado como queda metafísica da alma do âmbito do espírito para o âmbito da matéria. O resultado deste pensamento foi a divisão da sociedade em dois estamentos e a consequente dupla ética, que acentuava a necessidade de libertação da alma da prisão do corpo. A ética monástica, que consistia na idealização do etéreo, e a consequente negação do corpo e seus desejos – jejum, celibato, abstinência sexual, castidade - desvalorizava a vida matrimonial. Lutero concebeu os esforços para a realização do ideal ascético do celibato como afronta à boa criação de Deus. O objetivo deste artigo é analisar a compreensão de Lutero sobre o matrimônio, estamento econômico criado por Deus para produção e reprodução da vida. Para fins de contextualização serão analisadas influências do neoplatonismo na ética monástica medieval e a ressignificação do matrimônio como boa criação de Deus no pensamento de Lutero. Considerando “economia” como produção e reprodução da vida, analisaremos a concepção de Lutero do pecado como germe da morte, afetando as relações ser humano-Deus e ser humano-ser humano/criação. Concluiremos o artigo com a análise do matrimônio como a afirmação do projeto original de Deus, isto é, a vida. Pelo matrimônio homem e mulher são tornados cooperadores para justiça econômica de Deus. O artigo analisará basicamente a Preleção sobre Gênesis de Lutero (1535-1545).