CRUCIFICAÇÃO E ABUSO SEXUAL
Palavras-chave:
Jesus, Crucificação, Abuso sexual, Tortura, Terror de EstadoResumo
Este artigo recorre à hermenêutica da libertação latino-americana para ler as narrativas dos evangelhos sobre a crucificação à luz dos relatos de tortura na América Latina. As práticas de tortura empregadas por regimes autoritários da América Latina nos anos 1970 e 1980 mostram como a tortura foi usada para o terror de Estado. Relatos sobre essa época também confirmam a frequência da violência sexual em práticas de tortura. Aplicando essa perspectiva a uma leitura das narrativas dos evangelhos, o artigo sustenta que os romanos também usaram a crucificação como terror de Estado. As crucificações romanas eram punições públicas para intimidar e controlar escravos e povos sujeitados. Além disso, para reforçar a mensagem de terror, as crucificações incluíam humilhação sexual para degradar e rebaixar suas vítimas. O artigo sustenta que o desnudamento e a exibição de Jesus nu registrados nos evangelhos constituíram uma forma de humilhação sexual e deveriam ser chamados de abuso sexual. Ele também pergunta se outros abusos sexuais poderiam ter ocorrido no pretório. Conclui que a possibilidade de outros abusos é uma questão importante a ser considerada, mesmo que não possa ser respondida com certeza.