Os textos do aborto

A posição discursiva da psicologia e dos direitos diante das gestações indesejadas

Autores

  • Camila Noguez UFRGS
  • Domenique Assis Goulart Legale / Goulart & Jobim Advogadas Associadas / Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos
  • Maíra Freitas Barbosa SUAS

Palavras-chave:

Psicologia, Saúde mental, Direitos, Aborto, Trauma

Resumo

O presente artigo disserta sobre uma questão ética que mobiliza profissionais da psicologia e do direito acerca da necessidade de se posicionarem diante da questão social e política do aborto seguro. Adotamos uma postura crítica em relação à pretensa neutralidade dos saberes e das técnicas profissionais, por entendermos que a construção do conhecimento situa em uma sociedade profundamente díspar em relação ao gênero, raça, classe, sexualidade e outros marcadores que estabelecem uma distribuição desigual da precariedade de vida sobre os corpos. Assim, partindo das contribuições de Sándor Ferenczi, o texto problematiza o caráter necessariamente traumático atribuído ao aborto, oferece visibilidade a outras pesquisas e narrativas que relacionam o aborto ao sentimento de alívio relatado pelas mulheres. Além disso, baseado em pesquisas e posicionamentos, tanto da Organizações das Nações Unidas quanto da Organização Mundial de Saúde, chama a atenção para o papel dos profissionais de saúde mental diante da tortura e do trauma que podem marcar uma gravidez indesejada levada a termo – uma interface incontornável com os direitos humanos. A partir de um pequeno texto literário, pensamos o papel da psicologia, desde espectro feminista, para escutar, ler e turvar as palavras (e seus sentidos) que envolvem o evento aborto, de modo a romper com o silêncio e acolher essas histórias que não estão sendo contadas.

Biografia do Autor

Camila Noguez, UFRGS

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007), especialização pela Residência Multiprofissional em Saúde Coletivaa (Escola de Saúde Pública - RS) e mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014), doutoranda pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS. Atuou na assistência, na gestão, no controle social e na educação do SUS e do SUAS. Atualmente trabalha na Clínica de Atendimento Psicológico - da mesma Universidade - com o referencial da psicanálise.

Domenique Assis Goulart, Legale / Goulart & Jobim Advogadas Associadas / Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos

Feminista obstinada, professora e advogada, sócia fundadora do escritório Goulart & Jobim Advogadas Associadas, especializado em violência de gênero e direito das famílias, mestra em Ciências Criminais pela PUCRS (2021), especializanda em Direito das Famílias e Sucessões pela Legale, sócia da Themis - Gênero, Justiça e Direitos Humanos e trabalhadora da Política de Assistência Social.

Maíra Freitas Barbosa, SUAS

Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Unisinos (2009), especialização em Saúde Pública/Sanitarista pela Escola de Saúde Pública – RS. Atuou na Economia Solidária, na Segurança Pública, no Poder Judiciário e na Rede de Enfrentamento às Violências contra as Mulheres. Atualmente trabalha na rede SUAS.

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Publicado

04-09-2024

Como Citar

Noguez, C., Assis Goulart, D., & Freitas Barbosa, M. (2024). Os textos do aborto : A posição discursiva da psicologia e dos direitos diante das gestações indesejadas. Coisas Do Gênero: Revista De Estudos Feministas Em Teologia E religião, 10(1), 341–364. Recuperado de http://revistas.est.edu.br/index.php/genero/article/view/2740