Dossiê Coisas do Gênero 2022/1: Prazo prorrogado até 31 de julho

14-04-2022

Gênero e fundamentalismos na América Latina: Narrativas, processos e incidências

Os fundamentalismos são formas concretas de interpretar a realidade, estabelecendo posicionamentos, comportamentos e relações conforme essa interpretação. O emprego deste termo, ainda que lastreado por eventos históricos, ultrapassa a especificidade destes eventos. Nesse sentido, não é um termo novo, embora recentemente tenha encontrado eco e aliança no fenômeno das fake news e dos discursos da anti-ciência Segundo a pesquisadora Magali do Nascimento Cunha (2020, p.26) o termo precisa ser assumido no plural uma vez que compreende “expressões político-religiosas que se manifestam na contramão da democracia e dos direitos humanos”. Entre as características dos fundamentalismos religiosos cristãos está o apego à literalidade e inerrância da Bíblia, a seleção de textos de acordo a interesses e projetos políticos, defesa de um modelo heteronormativo de família, condenação da pluralidade e diversidade e dos direitos sexuais e reprodutivos.

A inserção de perspectivas desde as diferentes identidades de gênero e diversidade sexual tem transformado e movimentado o cenário político-econômico, educativo, artístico, religioso nos últimos anos. Da mesma forma as interseccionalidades de gênero, sexualidade, etnia, idade, classe social, entre outras, contribuem com a produção de conhecimento e reflexões críticas para o amadurecimento de políticas sociais e institucionais, questionando situações de assédio e violência que se perpetuaram historicamente com argumentos que se pretendiam verdades únicas, universalizantes, “naturais” ou generalizadoras.

Esses avanços e riquezas de perspectivas necessitam e podem ser compartilhados como contribuições para a superação dos fundamentalismos.  Ainda é um desafio para diversas áreas do conhecimento e lideranças comunitárias compreender ou medir as estratégias, narrativas, e impactos que os fundamentalismos religiosos têm sobre a vida das pessoas e da natureza. Como se materializam? O que tem a ver com os corpos? Como se relacionam com os conhecimentos comunitários e de povos tradicionais? Essas e outras questões provocam e instigam o dossiê “Gênero e fundamentalismos na América Latina: Narrativas, processos e incidências ”. Estaremos acolhendo artigos científicos, pesquisas, artes populares e de resistência, relatos de experiências, boas práticas e recursos litúrgicos que contribuam com essa reflexão, auxiliem na superação dos fundamentalismos, despertem a força da justiça e fortaleçam os valores convivencialidade em sociedades participativas, democráticas, diversas, ecumênicas e solidárias. 

Esta edição da revista Coisas do Gênero é uma parceria entre o Núcleo de Pesquisa em Gênero, da Faculdades EST/Brasil, e o Departamento Ecuménico de Investigaciones – DEI, da Costa Rica.

Datas importantes:

  • Prazo limite para receber textos: 31 de julho
  • Prazo limite para receber artes populares e de resistência: 15 de agosto
  • Prazo limite para ajustes de autoras e autores: 17 de agosto

Dúvidas: coisasdogenero@est.edu.br