Estado, Igreja e Inquisição: Incomunicabilidade
“O Pagador de Promessas” e “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes
DOI:
https://doi.org/10.22351/et.v64i2.2988Palavras-chave:
Ex-votos, linguagem, sincretismo e criptojudaísmo, literatura, teatro e cinema, direitos humanos, diversidade cultural, social e religiosaResumo
Nas peças “O Pagador de Promessas” [1959] e “O Santo Inquérito” [1966], o dramaturgo soteropolitano Dias Gomes revela que a capacidade de comunicação entre os seres humanos é relativa e que a linguagem, em vez de ser um elo entre as pessoas, pode se transformar numa terrível fonte de mal-entendidos e destruição. Partindo de uma reflexão crítica da práxis histórica, pesquisei a incomunicabilidade no teatro de Dias Gomes. Defini um corpus: “O Pagador de Promessas” e “O Santo Inquérito”. No itinerário teórico-metodológico, elegi a pesquisa qualitativa, de impostação bibliográfica e documental. Nas peças investigadas, Zé-do-Burro e Branca Dias se revelam dois seres humanos puros que lutam contra uma impiedosa conspiração que não admite a pureza, aproveitando-se dela e, por fim, destruindo-a. Na trilogia Estado, Igreja e Tribunal do Santo Ofício da Inquisição — atualmente, chamado de Congregação para a Doutrina da Fé —, a grande arma usada contra Zé-do-Burro e Branca Dias é a sistemática e coerente exploração das palavras e dos atos dos protagonistas para formação de conceitos inteiramente diferentes — na sua essência — das intenções dos personagens.