PENSAR DEUS “HOJE” À LUZ DA HERMENÊUTICA NIILISTA
Palavras-chave:
Deus “hoje”, hermenêutica niilista, caritas, kenosis do VerboResumo
Objetiva-se, neste artigo, analisar como é possível pensar Deus “hoje” à luz da hermenêutica niilista, elaborada por Gianni Vattimo. Esse objetivo é justifi cado pelo fato do pensador italiano conjugar a sentença nietzscheniana da “morte de Deus” e do projeto heideggeriano de “superação da metafísica” para pensar o ser mediante uma hermenêutica niilista. Resultou que esse pensador desenvolveu uma vasta obra, em que a conceitua após- -modernidade e se põe a pensar a religião, especifi camente a cristã, articulando a kenosis do Verbo com a caridade. Desse modo, Deus não é tratado por meio da confi guração metafísica, concebida pelo autor como objetivista e violenta, mas por uma hermenêutica que traz à tona a historicidade radical do ser humano e do mundo, que se constituem em espaços para pensar Deus “hoje” mediante a concentração na encarnação do Verbo de Deus e a prática da caridade. Para atingir esse objetivo, serão priorizadas as obras Della Realtà (2012) e Essere e dintorni (2018), que são trabalhos recentes e que apresentam os desdobramentos oriundos de Credere di Credere (1998) e Dopo la cristianità (2002), para estruturar filosófica e teologicamente o artigo em três momentos. O primeiro apresentará a conjugação hermenêutico-niilista que Vattimo realiza entre a sentença nietzscheniana da “morte de Deus” e o projeto heideggeriano de “superação da metafísica”. Em seguida, desenvolver-se-á a relação entre a kenosis do Verbo e a caridade como consequência da supracitada conjugação e desdobramentos para pensar Deus “hoje”, em época de pandemia que gera a “morte antes do tempo”, principalmente no que se refere à relação de Deus com o mal e a possibilidade de pensar Deus a partir dos fracos desta terra. Espera-se que este artigo contribua tanto com a teologia quanto com as ciências da religião no âmbito de pensar Deus em época pós-moderna, em que se vive uma pandemia que assombra, mas que não vence a esperança que se situa na experiência de um Deus que se enfraquece para compadecer e solidarizar-se com os fracos da história.