A IGREJA DE FARDA:
BATISTAS E A DITADURA CIVIL-MILITAR
Palavras-chave:
Batistas, Ditadura, Auerbach, RealismoResumo
Com base em um método qualitativo exploratório-descritivo na modalidade de análise documental, procurou-se analisar, sob o prisma de Erich Auerbach, elementos históricos extraídos principalmente de documentos ofi ciais da Convenção Batista Brasileira (CBB), que apontam para o envolvimento da Liderança Batista com o golpe militar de 1964. Para tanto, esse trabalho utilizou três principais fontes: a) a primeira, oriunda de extensa e autorizada pesquisa nos documentos ofi ciais da CBB, especialmente as atas, anais e relatórios do seu Conselho; b) a segunda, vinda do semanário O Jornal Batista; c) por fi m, o modelo de interpretação fi gural de Auerbach aplicado à recente história dos batistas no período do regime militar, especialmente no primeiro e no último quinquênio. Da conexão desses polos quinquenais pelo método de interpretação fi gural, pode-se notar o preenchimento e a ressignifi cação de tais períodos, trazendo novas luzes e permitindo afi rmar que líderes batistas aderiram ao processo reacionário. Seja na mudança do redator do O Jornal Batista, principal semanário da denominação, seja no estreitamento das relações entre líderes batistas com a alta cúpula militar, ou ainda na obtenção de uma concessão de canal para TV aberta, os batistas patentearam sua fi delidade aos generais. Essa cooptação não deixou de ser paradoxal ao ideal de liberdade que está na gênese do pensamento e da forma de ser batista. Ao apoiar como liderança da CBB a ditadura civil-militar e sua repressão, os batistas traíram um de seus pilares, comutando-a e travestindo-a em uma “liberdade” religiosa.