A OBRA AFRICANIDADES SUL-RIO-GRANDENSES COMO FERRAMENTA DE ENSINO DE HISTÓRIA DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS

Abstract

A comunicação tem como objetivo apresentar, por meio da observação participante, a trajetória de construção de um material didático elaborado por representantes dos movimentos sociais para aprimorar a execução da Lei 10.639/03 e o ensino de história das relações étnico-raciais. Conforme reflexão de Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, escrita no prefácio do livro Africanidades Sul-Rio-Grandenses: “é sabido que os livros didáticos, os manuais escolares têm a função de divulgar informações e conhecimentos, dessa forma exercem função não só educativa, como política. Assim, tanto podem criar condições para combater o racismo ou assegurar sua permanência” (SILVA, 2012, p. 05). Esta obra didática foi escrita e publicada por professores, historiadores, antropólogos e jornalistas, homens e mulheres, vinculados ao movimento social negro porto-alegrense no ano de 2012. O livro compõe a coleção: “A África está em nós” e trata, de forma específica, das contribuições dos povos africanos e seus descendentes na formação da cultura do Estado do Rio Grande do Sul, estado lembrado nacionalmente por suas influências europeias. Diante disso, problematiza-se: que contribuições para o ensino básico essa obra elaborada por autores negros e negras vinculados aos movimentos sociais pode trazer? Passados mais de uma década de sua publicação, o livro Africanidades Sul-Rio-Grandenses pode ser tratado como um modelo relevante para a educação das relações étnico-raciais. Pois, conforme apontam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Parecer 03/2004), atuar com essa temática somente se torna realidade quando existe “o trabalho conjunto, de articulação entre processos educativos escolares, políticas públicas, movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais não se limitam à escola”.