PAULO GERDES E A GEOMETRIA

Um olhar para a Etnomatemática na cultura africana e a decolonização dos sab

Resumen

Paulo Gerdes foi um educador matemático que dedicou-se a pesquisar sobre as raízes socioculturais dos saberes matemáticos em países do continente africano como Angola e Moçambique, centrando-se na concepção de Etnomatemática. Ao longo de sua carreira esteve diversas vezes no Brasil em eventos sobre Etnomatemática em que compartilhou suas ideias com Ubiratan D´Ambrosio que concebeu o arcabouço teórico sobre Etnomatemática que é o mais referenciado em pesquisas da área. Nesse contexto, este trabalho integra uma pesquisa que está sendo desenvolvida na Universidade Federal cujo objetivo é resgatar as principais ideias de Gerdes sobre a Geometria em países africanos a partir de manifestações culturais e artísticas que evidenciam as formas como os povos concebem os conceitos numa perspectiva de decolonização dos saberes geométricos. Gerdes ao estudar a cultura africana constatou que os elementos culturais de povos como o Cowke do Noroeste de Angola estavam presentes no artesanato expressos por desenhos que passavam de geração para geração preservando traços genuínos que continham aspectos geométricos dentro de um corpus de conhecimentos com sua lógica, representação e notação. Ele concluiu que a Matemática além de ser uma construção humana é também um produto cultural e para tanto analisou a Geometria Sona. Segundo o autor, a geometria Sona utiliza elementos de simetria (axial, central, rotacional), progressão aritmética, máximo divisor comum, padrões, entre outros presentes em desenhos que decoram peças de artesanato. Ao longo do tempo, o processo de secundarização da Geometria Sona e sua invisibilidade diante dos mecanismos da Matemática Eurocêntrica em que emergem seus traços de supremacia nos currículos oficiais, provocou quase que um apagamento desta forma peculiar de se lidar com a Geometria num contexto sociocultural. O resgate da Geometria Sona surge com as discussões sobre a importância de se multi-culturalizar o currículo valorizando as diferentes formas de saberes que integram a sociedade.