Coisas do gênero: Revista de estudos feministas em teologia e religião

A coragem butleriana de pensar o gênero

Ana Laura Arnhold — 2025-01-14

Resenha da obra: BUTLER, Judith. Quem tem medo do gênero? São Paulo: Boitempo, 2024.

Injustiças históricas na vida consagrada de mulheres católicas

Joyce Aparecida Pires — 2025-01-14

Resenha da obra: CERNUZIO, Salvatore. O véu do silêncio. Abusos, violências, frustrações na vida religiosa feminina. Petrópolis: Vozes, 2023.

Seja homem

Guilherme Thiago Riva — 2025-01-14

Resenha da obra: BOLA, JJ. Seja homem: a masculinidade desmascarada. Trad. Rafael Spuldar. 2. ed. Porto Alegre: Dublinense, 2020.

A postura fenomenológica nas relações de ajuda!

Humberto de Almeida — 2025-01-14

Relato de experiência.

Nem tão doce lar – uma vida sem violência é um direito humano!

Rogério Oliveira de Aguiar — 2025-01-14

Relato de experiência.

Ser um homem feminino, não fere o meu lado masculino (?)

andrea musskopf — 2025-01-14

Relato de experiência.

Expediente

Daniéli Busanello Krob — 2025-01-14

Expediente.

Nominata 2024

Daniéli Busanello Krob — 2025-01-14

Nominata de pessoas avaliadoras do volume 10, números 1 e 2/2024.

Apresentação

Rogério Oliveira de Aguiar — 2025-01-14

Apresentação do volume 10, número 2/2024.

A Casa de Deus e a “casa-dos-homens”

Maurício de Oliveira Filho — 2025-01-14

Este artigo explora o papel que igrejas podem desempenhar na refundação permanente de masculinidades violentas, utilizando o contraste entre a "Casa de Deus" e a "casa-dos-homens" como ponto de partida. O conceito de “casa-dos-homens” se refere a espaços de socialização masculina que têm como função introduzir meninos ao “mundo dos homens”, ensinando-os os comportamentos masculinos hegemônicos. A pesquisa enfatiza como os espaços e discursos religiosos contribuem para a persistência das masculinidades hegemônicas, especialmente aquelas que perpetuam a violência de gênero, mas podem ser, da mesma forma, produtores de reforma ou refundação dessas masculinidades. Ao examinar interseções com marcos legislativos chave, como a Lei Maria da Penha e suas medidas protetivas de reeducação de homens autores de violência, o estudo destaca o impacto que a religião pode ter nas dinâmicas de gênero para além das esferas do estado. O conceito de "refundação permanente" é apresentado como uma categoria crítica e alternativa a proposições costumeiramente utilizadas, como a de “desconstrução”, para compreender de que forma pode se dar a emergência de masculinidades contra-hegemônicas.

As violências e perigos do movimento red pill na internet

Caroline Julie da Rosa Cougo — 2025-01-14

Este trabalho tem como objetivo contrapor o machismo do movimento red pill a partir da Teologia Feminista. Como análise, o presente artigo verifica os maiores canais do movimento no Youtube brasileiro: Rafael Aires e Thiago Schutz. Primeiramente, para contextualizar, é apresentada a etimologia do termo, que teve sua origem no clássico filme Matrix, de 1999. A metodologia inclui a transcrição de trechos dos canais analisados, com comentários da autora. A análise contém considerações sobre o início dos fóruns de internet, quando o termo de Matrix foi deturpado. Os contrapontos da análise são feitos a partir do cristianismo e da Teologia Feminista, a partir da conceituação de Wanda Deifelt, de 2003. Conclui-se que os argumentos usados pelos red pills são insuficientes e, principalmente, perigosos, pois seus conselhos vão contra a ética e o cristianismo e podem ter consequências ruins para a sociedade. A solução se encontra na conscientização e na prática de valores feministas a partir do cristianismo.

Compreendendo masculinidades

Tiago Ademir Graube — 2025-01-14

Este artigo explora as relações entre masculinidades, religião, gênero e sexualidade, destacando os desafios e as transformações nas formas como a masculinidade é compreendida e vivida. As influências das instituições religiosas sobre as normas de gênero e sexualidade são discutidas, bem como as possibilidades de construção de novas masculinidades que promovam igualdade de gênero, justiça social e respeito à diversidade sexual. Este trabalho busca investigar o papel das religiões na promoção ou desmantelamento de masculinidades hegemônicas e propor novas maneiras de pensar a relação entre masculinidade, identidade de gênero e sexualidade. Metodologicamente, este artigo busca realizar uma revisão literária, acerca dos temas de gênero, sexualidade e masculinidades e sua interseccionalidade com a teologia e a religião, com o intuito de apresentar possíveis paradigmas para a construção de novas realidades de masculinidades a partir das teorias e estudos de gênero.

Masculinidades cuidadoras

Laura Cecilia López — 2025-01-14

Os estudos sobre masculinidades se tornaram fundamentais para a discussão da equidade de gênero na América Latina, evidenciando a relação entre masculinidade hegemônica e dinâmicas de poder. Esses estudos, em diálogo com perspectivas feministas, buscam transformar estereótipos que reduzem os homens a "produtores de violência" ou à falta de cuidado, promovendo masculinidades gênero-sensíveis. A pesquisa apresentada explora a intersecção entre masculinidades, cuidado e políticas públicas em um contexto comunitário no sul do Brasil, especialmente durante a pandemia de COVID-19. A investigação dialogou com atores sociais envolvidos em práticas de cuidado comunitário, destacando a importância das experiências históricas e sociais que moldam suas práticas. Tratou-se de pesquisa-ação, que integrou métodos que valorizam a voz dos sujeitos envolvidos. A principal ferramenta foi a construção de um Diagnóstico Participativo de Equidade de Gênero, capaz de olhar para as dinâmicas de gênero que ocorrem no território. A pesquisa abordou as desigualdades sociais que afetam a produção de cuidado, especialmente em contextos de precarização e crise, e questiona como as políticas públicas podem ser mais inclusivas e sensíveis às necessidades de homens como cuidadores. As narrativas revelam a necessidade de construir masculinidades que abracem o cuidado como uma prática social possível, capaz de transformar as dinâmicas de gênero estabelecidas socialmente, com foco na promoção da equidade de gênero.

Rethinking masculinity

Mbongeni Proud Dube — 2025-01-14

This study explores the cultural practices that shape gender roles and identities within the ELCZ, Western Diocese. It aims to identify specific cultural practices requiring transformation, and to propound for new models of masculinity that resonate with the church’s core values of compassion, respect, justice, and inclusivity. Advocating for the urgent need to rethink masculinity, the study foregrounds the fact that traditional masculine norms often reinforce restrictive behaviors that limit emotional expression and marginalize diverse voices, adversely affecting individual well-being and communal unity. Employing a qualitative methodological approach, the study draws insights from 20 study participants to understand their lived experiences related to masculinity. The participants are distributed as follows, 10 women from the women’s fellowship group, 4 female youths, 3 men in the top Diocesan leadership, and 3 male youths. The findings will guide recommendations for educational initiatives, dialogue forums, and leadership programs aimed at fostering healthier expressions of masculinity. The study adopts transformative masculinities as its theoretical framework. Through the transformative masculinities’ lens, the study beckons not only the membership of ELCZ, Western Diocese but all people of faith to be resolute about revisiting their perceptions on masculinity and aspire to cultivate more inclusive faith communities that promote holistic growth for all members, thereby enhancing community dynamics and spiritual development. Thus, this research contributes to a broader understanding of how faith communities can actively participate in redefining gender norms, advocating for a model of masculinity that aligns with values that reflect the love and grace of God.

Repensando masculinidade

Mbongeni Proud Dube — 2025-01-14

Este estudo explora as práticas culturais que moldam os papéis e identidades de gênero dentro da Diocese Ocidental da Igreja Evangélica Luterana do Zimbábue (ELCZ). Ele visa identificar práticas culturais específicas que necessitam de transformação e propor novos modelos de masculinidade que ressoem com os valores centrais da igreja: compaixão, respeito, justiça e inclusividade. Defendendo a necessidade urgente de repensar a masculinidade, o estudo destaca o fato de que as normas masculinas tradicionais frequentemente reforçam comportamentos restritivos que limitam a expressão emocional e marginalizam vozes diversas, prejudicando o bem-estar individual e a unidade comunitária. Adotando uma abordagem metodológica qualitativa, o estudo reúne percepções de 20 participantes do estudo para entender suas experiências vividas relacionadas à masculinidade. As descobertas orientarão recomendações para iniciativas educacionais, fóruns de diálogo e programas de liderança voltados para promover expressões mais saudáveis de masculinidade. O estudo adota masculinidades transformadoras como seu referencial teórico. Através da lente das masculinidades transformadoras, o estudo convoca não apenas os membros da Diocese Ocidental da ELCZ, mas todas as pessoas de fé, de maneira resoluta, a revisitarem suas percepções sobre masculinidade e buscarem cultivar comunidades de fé mais inclusivas, que promovam crescimento holístico para todos os membros, fortalecendo assim as dinâmicas comunitárias e o desenvolvimento espiritual. Dessa forma, esta pesquisa contribui para uma compreensão mais ampla de como comunidades de fé podem participar ativamente na redefinição de normas de gênero, defendendo um modelo de masculinidade alinhado a valores que refletem o amor e a graça de Deus.

Uma docência masculina de silêncio em questões de gênero e sexualidade

Fernando Seffner — 2025-01-14

O artigo analisa situações ocorridas na cultura escolar, com dados produzidos a partir de fontes de dois projetos de pesquisa, um de cada autor. Tais fontes são entrevistas com alunos e etnografia de cenas do cotidiano escolar, onde questões em gênero e sexualidade foram postas em debate, ou quando foram feitas tentativas de colocá-las em debate. Particularmente o artigo enfoca tais disputas como disputas entre diferentes masculinidades, aquelas dos docentes homens, e aquelas dos estudantes homens. O corte geracional e o marcador social pertencimento religioso são percebidos como analisadores importantes para explicar a produção e o desfecho dos debates, que implicam em reiterações ou transgressões da cisheteronorma. Utilizamos a noção de pedagogia do silêncio, que articula recusas de fala, tentativas de censura e desqualificação do outro, como categoria que explica tais embates. Nos posicionamos, de modo pedagógico e político, em favor da abertura de espaço para o debate de questões de gênero e sexualidade na cultura escolar, reforçando o estatuto da escola como espaço público, que acolhe e respeita a diversidade.

Entrevista com o Defensor Público Bruno Antônio Barros Santos

Rogério Oliveira de Aguiar — 2025-01-14

Entrevista.

A (in)visibilidade de mulheres e meninas com Transtorno do Espectro Autista

Janaína Machado Sturza — 2025-01-14

A presente pesquisa tem como objetivo analisar, sob a ótica de gênero e diversidade, a inclusão das mulheres e meninas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no contexto social, bem como, no acesso ao diagnóstico e às políticas públicas de saúde, especialmente no que se refere à efetividade e equidade dessas políticas, consideradas imprescindíveis para o desenvolvimento e dignidade dessa população. A problemática enfrentada diz respeito à seguinte indagação: de que modo as desigualdades estruturais de gênero se entrelaçam ao capacitismo e causam prejuízos na vida das mulheres e meninas com TEA, especialmente no acesso à saúde e acesso à políticas públicas de inclusão social? A metodologia envolve um estudo hipotético-dedutivo, bibliográfico quali-quantitativo, exploratório e descritivo. Pode-se observar através desse estudo, que as mulheres e meninas, de forma histórica, foram sempre subjugadas dentro do contexto social, e que existem fragilidades nos diagnósticos e políticas públicas de saúde voltadas às mulheres e meninas com TEA, de forma que é necessário um olhar voltado à diversidade para que, tanto a sociedade, como o estado, cumpram seu papel, respeitando e promovendo políticas públicas que visem a inclusão dessas pessoas de forma digna e equitativa.

De caminhos e encantos

André Musskopf — 2025-01-14

O artigo apresenta um relato de experiência em pesquisa a partir de um encontro intensivo realizado em torno do projeto “Impactos da Política de Justiça de Gênero da Faculdades EST”. Metodologicamente utiliza-se a figura da serpente como forma de articular diferentes momentos sentipensados como anéis. Cada anel corresponde a um momento diferente do processo de trabalho (coletivo, em grupos, individual) conectados entre si e se retroalimentando. A partir disso, são apresentados critérios para guiar processos de pesquisa coletivos percebidos no caminhar/serpentear do grupo.

Do campo esportivo ao científico

Júlia Fernanda Lemos Backes — 2025-01-14

A luta feminina por consolidação efetiva no esporte, ainda que de modo recente, tem empoderado a figura da mulher atleta e ampliado seu espaço também em meio às produções acadêmicas. Neste sentido, o presente trabalho objetiva mensurar e analisar a produção científica produzida sobre a temática em âmbito global, utilizando, para tanto, a Plataforma Scopus, que se configura como a maior base de dados de literatura revisada do mundo. Ao fim da pesquisa, estipulou-se um panorama científico que apresentou, em formato quantitativo, a produção por áreas, países, universidades, autores e periódicos entre os anos de 2010 e 2022. Através dele foi possível observar uma crescente significativa em números de publicações vinculadas às áreas de Ciências Sociais e Humanidades durante os períodos olímpicos, principalmente entre países pós-materialistas e de tradição dentro do cenário desportivo.

Júnia entre os apóstolos

Paulo Gustavo Santos da Silva — 2025-01-14

Em muitas denominações cristãs, o preceito doutrinário de que as mulheres devem ser limitadas a assumir papéis secundários na organização do Corpo de Cristo e que a liderança deve ser exclusivamente destinada a fiéis do sexo masculino persiste. Porém, ao examinar a história dos primórdios do Cristianismo, a literatura bíblica e os escritos dos Pais da Igreja, notamos evidencias que nos dão motivo para conceber que, no início do movimento iniciado por Jesus, mulheres, de fato, tiveram voz e lugar de destaque, assumindo cargos de autoridade em comunidades cristãs. Neste trabalho, tomaremos por objeto de estudo a personagem bíblica Júnia, que, segundo os estudiosos modernos ligados à corrente exegética do sentido inclusivo e como registram importantes comentadores da Antiguidade, como, por exemplo, Orígenes de Alexandria (185-254), João Crisóstomo (344/354-407) e Teodoreto de Cirro (393-458) – cujos textos nos servirão de corpus da pesquisa –, foi citada como apóstola valorosa por Paulo de Tarso.

Labrashurias

Átila Augusto dos Santos — 2025-01-14

O "pretogays" (SANTOS, 2022) é uma linguagem típica da comunicação de pessoas gays e que também é utilizado nas igrejas inclusivas, resultado da interseção entre a categoria epistêmica "pretoguês" (GONZALEZ, 1988), o linguajar "pajubá" (LIMA, 2017), “dialeto” de “resistência” de parte dos travestis e transexuais e a “glossolalia” (SULLIVAN, 2020), fala característica e mística dos pentecostais. Essas três são forma de comunicação entre pessoas LGBTI+ nas igrejas inclusivas pentecostais. Igrejas que não condenam a sexualidade dissidente, mas a consideram como um dom divino. A interseccionalidade (CRENSHAW, 2002) entre raça, classe, gênero, linguística e religião pode desempenhar um papel fundamental na compreensão dos agentes religiosos que utilizam a linguagem "pretogays", pois a palavra e a fala como signos performativos estão intrinsecamente ligadas à corporeidade preta, gay e pentecostal.

Não ao sexo rei

Nilsa Maria Conceição dos Santos — 2025-01-14

Neste artigo analisa-se discursos de mulheres negras e velhas sobre relacionamentos. Observa-se as violências, sujeições e controle a que elas foram submetidas e as resistências a essas repressões, bem como seus discursos de liberdade, autonomia e empoderamento.

Uma leitura dos ecofeminismos e da ecocrítica contidos na obra Eu, Tituba - a bruxa negra de Salem, de Maryse Condé

Laiza Luz Martins Sant'Ana — 2025-01-14

Este artigo propõe uma análise ecocrítica da obra Eu, Tituba: a bruxa negra de Salem (2021) da escritora guadalupense Maryse Condé, a partir de um olhar que tem como premissa as contribuições do ecofeminismo. Voltada a pensar sobre as ações humanas na devastação do meio ambiente, degradação da vida no planeta e na relação que é estabelecida a todo momento entre o ser humano e a natureza. Para tanto, nos pautamos em analisar a primeira parte da obra de Condé (2021), que abarca do nascimento de Tituba até o momento em que ela segue viagem para a América do Norte, precisamente desembarcando em Boston nos Estados Unidos. Assim, este artigo busca compreender a relação que a personagem Tituba tem com a natureza, sobretudo no que se refere às plantas e aos elementos que compõem o meio ambiente da ilha de Barbados, e como essa relação é expressada na obra. A metodologia utilizada para a análise do corpus se pauta na pesquisa bibliográfica referente à obra de Maryse Condé, estabelecendo uma relação de diálogo com os estudos voltados à ecocrítica e ao ecofeminismo. Tecendo, ainda, considerações acerca da resistência da mulher negra a opressão imposta e buscando meios de sobrevivência.

Violência cultural e de gênero

Yana Fortuna — 2025-01-14

A violência de gênero em certos relacionamentos entre mulheres brasileiras e homens médio-orientais é um tema delicado que há 10 anos vem se tornando assunto de políticas públicas e, embora tenha grande repercussão na internet, ainda gerou pouca discussão acadêmica. O presente trabalho, portanto, objetiva ampliar o debate a partir de Saffioti (2015), Pasqualin (2018) e de dados coletados no canal de Youtube SobreVivendo na Turquia. A conclusão perpassa pela importância deste tipo de ferramenta – em que as narrativas são mediadas por uma brasileira com vivência na cultura médio-oriental – para fomentar um olhar crítico sobre comportamentos enraizados na coletividade.

Mártir do sofrimento

Orlando Caldeira de Farias Junior — 2025-01-14

Poema dedicado a Maria Ozório, milagreira do cemitério de Rincão, município do interior paulista. Os versos descritos relatam que mesmo na década de 1930, o assassinato de mulheres, mesmo sendo um ato condenável, os algozes e a masculinidade sempre se sobressaem às vítimas, que como agravante, era uma mulher negra. A poesia versa contar sua história e como permanece viva no imaginário popular, mesmo sem seu corpo chagado e ossos quebrados.