A ministerialidade das mulheres na Igreja Católica à luz da figura de Marta de Betânia
Palavras-chave:
Ministerialidade, Hermenêutica bíblica feminista, OrdenaçãoResumo
O controverso debate sobre a possibilidade de ordenação de mulheres na Igreja Católica reacendeu-se recentemente a partir de algumas afirmações do Papa Francisco. Nos últimos meses, o Pontífice vem defendendo um princípio dual – para não dizer dualista – para justificar o não-acesso das mulheres ao ministério ordenado. O chamado princípio petrino-mariano, fundamentado na antropologia da complementaridade, apresenta-se como uma nova roupagem do patriarcado institucional para perpetuar a dissimetria entre mulheres e homens na Igreja Católica. Nesta comunicação, contrapondo-nos a essa perspectiva, buscamos em Marta de Betânia, elementos para uma teologia ministerial fundada no “discipulado de iguais”. Seguindo o método de hermenêutica crítica feminista da libertação de Elizabeth Schüssler Fiorenza, analisamos as perícopes do Novo Testamento nas quais Marta está presente (Lc 10,38-42; Jo 11,1-44; Jo 12,1-8) e vemos emergir a figura dessa mulher bíblica como paradigma de ministerialidade cristã. A partir dessa análise, oferecemos pistas para pensar o lugar das mulheres na Igreja Católica a partir de parâmetros distintos aos adotados pelo Papa Francisco, sugerindo a necessidade de repensar a teologia ministerial a fim de ampliar as possibilidades de participação das mulheres e reestruturar as dinâmicas de liderança eclesial.