TEM JOGO ENTRE A CAPOEIRA E A BNCC

Resumo

Esse estudo pretende problematizar os limites e as possibilidades da presença da Capoeira nas escolas, a partir de um dos documentos mais recentes que alteram a LDB, a Base Nacional Curricular Comum – BNCC. Continua escassa a problematização em torno dessa relação, especialmente quando se trata a Capoeira a partir de uma perspectiva de patrimônio cultural e as demandas de uma re-educação das relações étnico-raciais. A lógica do projeto colonial ainda faz parte da estrutura da Escola, e ela, assim como a própria Capoeira, está em disputa permanente entre setores progressistas e conservadores da sociedade. A aposta é que a Capoeira possa contribuir para a permanência de estudantes em seus estudos, especialmente a parcela negra desses, e possa e deva contribuir na luta contra as opressões e agir em defesa das diferenças e da diversidade. Fortaleceria assim a adesão e a aderência aos estudos, seja pela motivação pela participação na Capoeira, seja pelo empoderamento provocado em sua prática na conscientização das questões de raça, classe, gênero, sexualidade, entre outras. Apesar de todo respaldo de uma diversidade de documentos, os que tratam diretamente ela na esteira da Educação a limitam, considerando-a apenas uma “luta” a ser conhecida através da Educação Física. A BNCC é categórica nesse sentido, mas é possível quebrar e dobrar um pouco seu texto em busca de brechas para fundamentar a presença da Capoeira na escola numa outra perspectiva. Um caminho mais profundo é objeto de luta da comunidade da Capoeira ainda, que é sua própria participação nesse processo, de forma mais digna e enquanto ação de política de salvaguarda. Enquanto isso, seguimos driblando os textos oficiais e buscando uma inserção cada vez mais engajada na Escola, especialmente no quesito de fortalecer a população negra e a luta contra o racismo.