SOU UMA MULHER NEGRA

Escrevivências de uma trajetória de lutas e ressignificação

Resumo

Sou uma mulher negra, mãe solo e avó, servidora pública concursada. Nasci em uma família negra de trabalhadores rurais com poucos recursos, isso representou uma série de desafios em minha vida. Sou a terceira filha de cinco crianças saídas do ventre de uma mãe preta que junto com meu pai, um homem afro-indígena, pantaneiro e benzedor assumiram mais uma criança cuja mãe, irmã do meu pai, falecera no parto de seu 8º filho, que leva em sua Certidão de Nascimento o nome de meu pai e de minha mãe, tornando-se o meu irmão mais velho. Nasci no pantanal, município de Aquidauana/MS e vim ao mundo pelas mãos de uma parteira, assim como meus irmãos. Sempre moramos em casas simples de taboca ou madeira, porém acolhedora. Cheguei na cidade aos 14 anos, aos 21, tornei-me mãe e aos 43 anos conclui minha primeira graduação. Este relato de experiência, tem como objetivo compartilhar minhas vivências, somada às experiências do Projeto de Extensão e Pesquisa Lélia Gonzalez, Presente! Formação Interdisciplinar, Intelectual e Política sobre o Pensamento Feminista Negro para o Empoderamento de Mulheres Negras, oferecido pela Universidade da Integração da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab-Ceará). É um relato de experiência de vida com uma abordagem qualitativa, que tem como base teórica a “Escrevivência” da intelectual negra Conceição Evaristo, que segundo ela a experiência passa a frente da noção de escrita, tem a ver com uma produção de conhecimento como foco nas experiências pessoais, individuais ou coletivas. Portanto, o Pensamento Feminista Negro e as intelectuais negras tem contribuído para o meu empoderamento e fortalecimento pessoal, e que quero que minha experiência de vida seja conhecida por outras mulheres negras para que saibam que elas também podem ser donas de si e de sua própria história.